20080619

não existo, incido

Li no blog de um amigo uma frase que me pegou de jeito.

Em seu último post ele comemorava o aniversário do seu blog dizendo: “Feliz primeiro ano de existência... Existência em termos, porque existir é relativo”. Fiquei cismada com a frase e tive que ler umas três vezes para conseguir sacar o que me incomodava.

Descobri.

E pensar nisso me trouxe uma série de sentimentos confusos e contraditórios, que sempre me tomam a mente em períodos específicos do mês, se é que vocês me entendem. O fato é que, em dois minutos, lagrimonas escorriam dos meus olhos e eu precisei contar até oitenta, mais ou menos, prá não ter uma síncope típica de TPM e atacar o pudim da geladeira. (É, também fico exagerada na TPM, mas a parte do pudim eu juro que é verdade.)

É que eu existo em cada raio do sol. Existo em cada sorriso de criança e em cada suspiro de saudade também. Eu existo nos cheiros bons e nas coisas bonitas, em cores brilhantes, em sons alegres, em abraço fácil. Eu existo nas lembranças boas, na satisfação do trabalho bem feito, no reconhecimento de que dei o melhor de mim. Eu existo sempre que sorrio, ainda que tristeza, e existo também em beijo roubado e em palavras amigas. Existo na fé, na esperança, na certeza de dias melhores.

Mas na dor eu não existo.

Eu não existo na espera, na saudade, na insegurança, na vontade. Não existo no choro contido e nem na vela queimada. Não existo em arrependimentos, em rancores, em mágoas inacabadas. Não existo no ciúmes. Não existo na vontade de dizer e calar, não existo no escolher a hora certa, não existo na desconfiança desmedida, não existo na ausência. Eu não existo na dúvida silenciosa se devo acreditar ou não, nem na eterna expectativa da dor e da decepção. Não existo no sofrimento.

E dizem por aí que o equilíbrio está no caminho do meio.
Então é bom eu começar a existir mesmo quando não existo.
E parar um pouco de insistir.