20090618

So Fucked Up!

Pois foi então que ele disse “Eu te amo”. Foi assim, como quem não quer nada, ao final da conversa no telefone, segundos antes de desligar. “Ta bom, vem logo. To te esperando, te amo”. Desliguei o telefone com cara de ué, afinal de contas não tinha aquela firula de dizer “que vontade de dizer que te amo”, frase acordada entre nós como a mais sincera no que se refere a sentimentos e intencionalidades afetivas? Afinal, vontade de dizer que ama não é a mesma coisa que dizer que ama, e entre dizer que ama e amar em si há uma infinidade de passos que precisam ser dados, passos que se transformem em atitudes diante das quais não existam fatos ou contra-argumentos. “Vontade de dizer que te amo”, por outro lado, exprime perfeitamente a intenção: “neste momento sinto uma coisa tão forte por você que não consigo expressar em outras palavras, então se eu não fosse so fucked up eu diria que te amo com um sorriso no rosto. Como sou absolutamente fucked up, digo que estou com vontade de dizer que te amo. É o melhor que posso fazer, por favor, entenda”. E como somos ambos totalmente fucked up tínhamos esse pacto, permitirmos que a intenção se sobrepusesse à ação em si, tínhamos esse acordo de gaveta de que a vontade seria sempre mais significativa do que a responsabilidade sobre definições de sentimentos. Mas de repente ele cruzou a linha e disse, “eu te amo”. Eu acho incrível como as pessoas dizem que amam com tanta facilidade, as palavras simplesmente parecem pular para fora de suas bocas, mas até então eu não tinha que me preocupar com nada porque na nossa relação isso não era importante, importante mesmo sempre foi a vontade, a vontade de dizer legitimamente que se ama. Mas agora ele cruzou a linha e trouxe não a vontade, mas o amor de verdade, para dentro da nossa relação. I’m so fucked up!

and I miss